“Mariana nunca mais”. A frase reproduzida amplamente pelos meios de comunicação em janeiro deste ano, logo após a tragédia de Brumadinho(MG), é atribuída ao ex-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, durante seu discurso de posse aos funcionários, em maio de 2017.
Quase dois anos depois, ele tentava explicar à imprensa e à sociedade brasileira o motivo do rompimento da barragem: “Não sabemos o que causou o acidente”, disse aos jornalistas.
Esta menção não visa julgar as atitudes da empresa e de seu então presidente em relação à tragédia que comoveu o País.
O que queremos provocar aqui é uma reflexão sobre a força do discurso de um porta-voz que representa a empresa em qualquer circunstância e o quanto ele pode ser colocado à prova. O discurso aos funcionários da Vale não viria a público se não fosse a tragédia.
Portanto, saber lidar com a imprensa é obrigação dos porta-vozes – em momentos críticos ou não – e treiná-los é tarefa das áreas de comunicação.
Para ajudar as empresas neste trabalho, desenvolvemos na agência um Programa de Media Training direcionado à preparação dos representantes de uma organização nas mais variadas situações. São mais de 48 anos ajudando executivos a lidarem com a imprensa e demais stakeholders em entrevistas coletivas, eventos corporativos, audiências públicas, entre outros.
Dividido nos módulos teórico e prático, o Media Training requer uma imersão da equipe no cliente, pesquisas intensivas, roteirização, simulação de entrevistas, gravação, Q&A e análise de desempenho com sugestões de melhoria.
É um trabalho de fôlego e de caráter multidisciplinar.
A proposta deste artigo é ressaltar alguns aspectos fundamentais a serem considerados num Programa de Media Training.
1. Por que treinar o porta-voz?
Muitas empresas ainda não assimilaram a importância de treinar seus representantes para falar com a imprensa. É preciso ressaltar que o posicionamento da empresa é dado pelo porta-voz e que, quanto mais bem preparado ele estiver, melhor será o resultado de sua exposição.
É o porta-voz que transmite as mensagens-chave do negócio; apresenta as estratégias de crescimento; anuncia os resultados da empresa, um novo produto ou serviço; e presta contas em situações de crise.
Portanto, qualquer organização que queira se relacionar com a imprensa precisa disponibilizar bons porta-vozes para entrevistas ou encontros informais.
O representante não é unicamente o CEO da empresa ou seus diretores. Gerentes e executivos normalmente são acionados para falar sobre lançamentos ou novos negócios. Nossos melhores cases de media training são os que envolvem, além da alta liderança, gestores e executivos que têm contato com a mídia.
2. Media training na era da transparência
Um bom media training exige experiência e habilidades específicas dos profissionais da agência de comunicação. O trabalho começa com o desenvolvimento de um roteiro completo de perguntas a serem feitas aos porta-vozes, de acordo com suas áreas de atuação.
Recomenda-se abordar, durante as simulações de entrevistas, aspectos do mercado, concorrência, histórico, produtos, desempenho, vulnerabilidades e situações críticas. O porta-voz deve passar conhecimento e credibilidade nas respostas.
Na era da transparência, respostas como “não temos esta informação no momento, mas vamos levantá-la” ou “não podemos divulgar dados estratégicos” são bons exemplos de como a verdade deve sempre prevalecer.
Outro ponto focal é a atitude do entrevistado. As reações e expressões faciais devem ser coerentes com a situação no discurso do porta-voz.
3. Como lidar com a imprensa
Faz parte do módulo teórico do media training uma apresentação sobre o cenário da mídia. O processo de transformação dos meios de comunicação e o crescimento do digital, bem como o surgimento dos influenciadores, devem ser explicados aos porta-vozes para alinhar suas expectativas sobre os resultados do trabalho de Relações com a Mídia.
Durante o treinamento, os profissionais de comunicação informam aos porta-vozes quais as reais necessidades da imprensa no contato com as organizações; a questão do tempo e prazo de respostas; o perfil do público e dos jornalistas; e de como construir um relacionamento em bases sólidas.
A imprensa tem a dupla função de informar e formar opiniões. As melhores fontes ganham visibilidade quando atendem os jornalistas com informações relevantes e em tempo hábil.
Mas quando um porta-voz é surpreendido numa pauta sem qualquer preparo, os efeitos sobre a reputação da empresa são imediatos.
Portanto, para lidar bem com a imprensa é preciso conhecer o assunto tratado, transmitir as mensagens com credibilidade, procurar saber antes com quem e para quem está falando e, especialmente, se o posicionamento está alinhado com os objetivos da organização que o executivo representa.
4. A análise de performance após o media training
Este é o item esperado com ansiedade pelos porta-vozes que passam por media training. Há que se lidar com os aspectos emocionais, já que a performance de cada um é avaliada. Por isso, um bom treinamento de porta-vozes é aquele que reúne profissionais com diversas competências.
Fonoaudiólogos, psicólogos, cinegrafistas, jornalistas renomados e outros especialistas são chamados a participar do treinamento. É enriquecedor somar habilidades para analisar aspectos comportamentais e não apenas de conteúdo dos speakers.
Nesse sentido, as simulações de entrevistas são gravadas e analisadas posteriormente pelos treinadores que irão apontar os pontos fortes e fracos dos porta-vozes, alinhar as mensagens-chave e ajudá-los na construção de um relacionamento com os jornalistas em bases sólidas.
O sucesso de uma estratégia de comunicação depende muito do desempenho dos porta-vozes. Transmitir entusiasmo num lançamento de produto ou no anúncio de bons resultados, comoção e humildade diante de uma crise, ou confiabilidade em qualquer situação é a função de um speaker bem preparado.
Quem representa a “voz” da organização deve utilizar o tom correto. Os porta-vozes da sua empresa já passaram por um media training?
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